Você
sabe qual é a diferença entre ocupação e profissão?
Ambas
têm a ver com trabalho, não é verdade?
Qual
delas é a mais estável, a mais valorizada, a mais universal?
Se
você pensou profissão, acertou.
Assim
chegamos ao século XX no Brasil: os professores constituíam-se numa profissão,
para a qual se habilitavam pela conclusão de um curso de nível médio (Normal)
ou superior (Licenciatura).
Os
outros, nas escolas públicas, eram simplesmente funcionários, ocupantes de
funções mais simples, sem necessidade de habilitação profissional.
Nossos
primeiros funcionários de escolas trabalhavam como:
-
cozinheiros;
-
enfermeiros;
-
sacristãos;
-
horticultores;
-
bibliotecários;
-
vaqueiros;
-
administradores de fazendas;
-
pilotos de navio;
-
construtores;
-
pintores e em outras ocupações mais ou menos relacionadas ao processo de ensino
e centradas na materialidade da cultura.
Em
1759, os jesuítas foram expulsos do Brasil e das outras colônias de Portugal.
Seus colégios, escolas e fazendas foram confiscados, seus bens móveis e
imóveis, incluindo os escravos, incorporados ao patrimônio da Coroa ou
divididos entre os “amigos’’do
Rei.
Para
substituir os colégios e as escolas dos jesuítas, o rei Dom José e seu
primeiro-ministro, o Marquês de Pombal, instituíram as “aulas régias”.
Qualquer
pessoa alfabetizada ou que dominasse a gramática e a aritmética se apresentava
ao presidente da Câmara para “dar aulas”.
Esses
professores davam suas aulas, pelas quais recebia um pequeno salário da Câmara
Municipal, a qual, para isso, recolhia dos açougueiros e dos fabricantes de
vinho e cachaça um tributo chamado “subsídio literário”.
A
educação praticamente ficava por conta de uma só pessoa: o professor. Quando
muito, ele era auxiliado por um escravo ou escrava, que se incumbia de limpar a
sala, oferecer água aos alunos, dispor uma bacia e toalha para o asseio do
professor .
Os
registros escolares, a escrituração, a guarda e o manuseio dos livros eram
tarefas do próprio professor, que ao fim do ano os entregava ao inspetor da
província, para emissão dos certificados.
De
1772, quando começaram as aulas régias, até 1822, ano da Independência do
Brasil, não há registro da construção de uma escola sequer no Brasil, com
exceção da Corte do Rio de Janeiro: a criação de escolas primárias, secundárias
e universidades.
A
coisa começa a mudar
depois de
1834, quando a
responsabilidade de
oferecer escolas
passou para
as províncias.
A
multiplicação de escolas primárias e a construção de prédios para esses
estabelecimentos maiores, a que se juntaram as escolas normais no fim do Século
XIX, motivaram uma mudança que muito nos interessa, com o aparecimento de dois
tipos de novos funcionários, ambos assalariados.
Era
necessária a
contratação
de funcionários
para
a conservação e
para
as secretarias. A esses, nos meados do século XX, juntaram-se as merendeiras.
Nas escolas maiores, os bibliotecários e outros auxiliares em laboratórios e
operação de audiovisuais.
Aqui
entra a questão da profissionalização: os funcionários precisam não somente
saber fazer o que fazem, mas sistematizar e institucionalizar suas identidades
funcionais. Estamos num tempo de transição, construindo e organizando essas
novas identidades, esses novos perfis.
Atualmente,
quando se faz um concurso para algum cargo não docente nas escolas, na maior
parte das vezes só se exige a proficiência em provas de conhecimentos gerais.
Selecionam-se merendeiras com questões de língua portuguesa, matemática e
conhecimentos gerais.
Não
se levam em conta as concepções atuais de educação, de educação escolar, a função libertadora da educação e o papel
emancipador da escola.
O Profuncionário veio para a construção desta
identidade do funcionário
de escola.
Com
a habilitação profissional, além da competência, haverá um reconhecimento
público:
-
limpar uma sala de aula é uma ocupação;
-
fazer a manutenção da infraestrutura,
transformar os espaços das escolas em espaços educativos. Tudo isso,
será uma nova profissão.
No
Egito, na Mesopotâmia e na Grécia nasceram as escolas, com professores e
alunos, por iniciativa dos próprios grupos sociais e/ou por
decisão do Estado,
dos governantes.
Na
Idade Média, as escolas eram instituições da Igreja. Foi na França, com a
Revolução, que se deu a ruptura e se organizou a escola pública laica.
Nas duzentas mil escolas
federais, estaduais e municipais do Brasil trabalham mais de um milhão de
funcionários não docentes.
A LDB - Regula as diversas etapas e as
modalidades do ensino:
•creches,
•pré-escolas,
•ensino fundamental,
•ensino médio,
•educação especial,
•educação de jovens e adultos,
•educação a distância,
•educação indígena,
•educação superior .
Os
funcionários de escola não são professores, nem seus substitutos, mas são
educadores. Têm outras funções, para as quais os professores não estão
preparados.
No Século XX, começaram a ser
admitidos milhares de funcionários e funcionárias, por práticas clientelísticas
ou meritocracias.
Até que ponto os funcionários(as) de escola são educadores?
Reforçam esse papel, em muitos
casos, por serem pais e mães, a quem compete educar os filhos, coordenar a
missão educativa da família.
Às merendeiras, a educação
alimentar; aos encarregados da limpeza e manutenção, a educação ambiental;
As auxiliares de bibliotecas, de
laboratórios, de vídeos, a educação para a cultura, para a comunicação, para o
lazer;
Às que trabalham nas secretarias,
a educação para a gestão democrática, para a responsabilidade cidadã.
Ser funcionário, como educador
escolar, é muito mais do que sorrir no atendimento aos alunos e aos pais, ser
sensível aos problemas das crianças e dos adolescentes, ser solícito no cuidado
com os estudantes e com os diferentes espaços escolares.
Ser educador escolar, tanto como
professor, como funcionário, implica competências mais complexas – exatamente
as que estamos tentando desenvolver com esse curso e que, certamente, você
precisará aperfeiçoar em sua escola, em sua vida e, se a educação brasileira
evoluir como desejamos, você irá discutir e aprofundar num futuro curso
superior de graduação ou pós-graduação.
SINDICATO/SINDICALIZAÇÃO - Antes
que os funcionários se integrassem à Associação Mato-grossense de Profissionais
de Educação (AMPE), eles ganhavam o salário mínimo. Depois, com a unificação e
a transformação da AMPE em Sintep/MT, os funcionários conseguiram
tanto na rede estadual, quanto na municipal de Cuiabá duas grandes conquistas:
a profissionalização, por meio dos quatro cursos agora ofertados pelo Profuncionário, e o enquadramento na Lei
Orgânica dos Profissionais da Educação, fazendo valer sua progressão funcional,
com consequente melhoria salarial.
Objetivo da escola não é o
ensino, mas a educação em sua totalidade.
Todas as atividades, desde que
incluídas na proposta pedagógica, integram-se ao currículo e tornam-se
atividades-fim.
Todas as atividades
transformam-se em competências profissionais e
não em serviços mais ou menos afins ao processo de
ensino–aprendizagem.
Os conselhos de educação são
constituídos por educadores que representam as diversas forças do estado ou do
município:
ü universidades públicas e
privadas;
ü sindicatos;
ü diretores de escolas;
ü especialistas em educação, empresários;
ü conselheiros escolares.
Raramente contam com
representantes dos pais e dos alunos.
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: Primeiro, foi usado a correspondência postal.
Milhares de jovens e adultos cursaram o Instituto Universal Brasileiro ou o Monitor , que oferecem, até hoje, cursos de qualificação profissional.
Depois, vieram os cursos por rádio :
Ø alfabetização de adultos,;
Ø Projeto Minerva;
Ø Movimento de Educação de Base, etc.
Mais recentemente, apareceram os
telecursos, sendo o mais famoso deles o Telecurso 2000, da Fundação Roberto
Marinho. De uns anos para cá, começaram a ser oferecidos cursos a distância
pela internet, incluindo cursos semipresenciais profissionais de nível médio e
superior.
Essa modalidade contribui para a democratização do acesso, tanto para as populações das menores cidades, como para os jovens e adultos que já trabalham e não dispõem de um período do dia ou da noite para frequentar os cursos regulares.
O Profuncionário, é mais um curso de educação a distância, profissionalizante.
GESTÃO EDUCACIONAL:Gestão é o conjunto de ações que
garantem, numa determinada instituição, a consecução dos objetivos, que, por
sua vez, correspondem às demandas ou aos direitos sociais.
A gestão de uma escola não é isolada das funções educativas, principalmente do processo de ensino–aprendizagem. Todos são educadores. E todos também são gestores, porque a gestão, hoje, não é uma atividade-meio, ela é intrinsecamente pedagógica.
Numa sociedade democrática, a
gestão deve ser democrática, o que supõe discutir os métodos clientelísticos, meritocráticos ou eletivos de se escolher uma direção.
Cinco princípios da democracia na escola:
1. supõe ruptura com práticas
autoritárias, hierárquicas e clientelísticas.
2. é participação dos atores em
decisões e na avaliação.
3. supõe representação legítima
dos segmentos.
4. da escola se baliza pelo
Projeto Político-Pedagógico da Escola.
5. da escola se articula com administração democrática do sistema de ensino.
Pelo art. 14 da LDB, todas as
escolas devem ter seu Conselho Escolar, ou seja, um órgão deliberativo,
composto por representantes de professores, funcionários, alunos e pais, com a
atribuição de elaborar e acompanhar a proposta pedagógica do estabelecimento e
tomar as decisões pedagógicas e administrativas mais importantes, assim como
assessorar a direção na resolução dos problemas da escola.
Empoderamento:
a escola deve constituir uma identidade.
Participação:
a escola tem o papel principal de propiciar a educação dos estudantes.
Representatividade:
no processo de participação, principalmente no Conselho Escolar ou em outras
reuniões, cada um deve falar em função do pensamento de seu grupo, de uma
discussão prévia com os representados.
Autonomia:
a escola é federal, estadual ou municipal, mas, acima de tudo, é esta escola,
com um nome, com uma história, com uma proposta.
Transparência:
a escola democrática é aquela onde as informações são públicas.
Os funcionários das escolas estão em processo de reconstrução de sua identidade profissional. O que significa dizer que sua prática profissional contém os elementos que os
distinguem entre os trabalhadores e, neste momento, buscam redefinir a sua posição e seu reconhecimento no mundo do trabalho, no campo da educação.