QUERER É PODER

A educação é um direito humano e um caminho para a justiça social e ambiental, e todos nós somos educadores.

sábado, 13 de junho de 2015

CADERNO 2 - EDUCANDOS E EDUCADORES

Resumo – cad2 – Educadores e educandos: tempos históricos

Objetivo
Espera-se possibilitar aos estudantes a aquisição de conhecimentos históricos
e de interpretações da escola e da educação como espaços coletivos de formação humana, de contradições, de diversidade étnico-cultural. Espera-se que o cursista compreenda a educação e a escola como parte da cultura de um povo, num determinado tempo e espaço. Além disso, que a história é construída por homens e mulheres em movimentos constantes de transformação, de rupturas ou de continuidades.

Unidade 1 - Para que estudar e compreender a educação por meio da história?

Podemos dizer que a história permite enxergar nossas raízes e compreender por que as civilizações, os povos, organizaram-se de determinada maneira, o que foram e como se transformaram naquilo que são. Neste sentido, a educação como parte da cultura, ilumina em nós a inteligência humana e permite sermos criadores, inventores e construtores de objetos, símbolos, linguagens e valores. Assim, como vamos estudar e compreender a organização da educação e da escola no Brasil? O que os funcionários das escolas precisam saber sobre a educação? Como os funcionários, em efetivo exercício nas escolas, podem ser educadores? Como transformar nossas rotinas
em processos educativos? Estas questões são fundamentais, e vamos durante este curso ajudar você a compreendê-las.

Unidade 2 - Educação construída pelos padres da Companhia de Jesus
É possível compreender que a educação, durante o período colonial, foi uma estratégia dos colonizadores portugueses para negar a identidade indígena e seus processos educativos para implantar, na colônia, a visão europeia de mundo: sua cultura, seus valores e sua religião. Compreendemos, ainda, que as escolas, refletindo a sociedade hierárquica e autoritária da época, eram organizadas da mesma forma: as funções nobres de educar eram reservadas aos sacerdotes; aos irmãos missionários – os funcionários à época – eram reservados os trabalhos braçais para a sustentação das escolas; depois, índios e escravos foram incorporados como funcionários e os irmãos missionários passaram a serem seus chefes. A tarefa de educar ficou sempre nas mãos dos sacerdotes e religiosos.

Unidade 3 - Aulas régias: a educação dirigida pelo Marquês de Pombal
O movimento iluminista europeu provocou uma revolução na maneira dos seres humanos interpretarem o mundo e as relações sociais. O centro organizador dessa visão de mundo deixa de ser o Deus judaico-cristão e passa a ser a razão humana. Esse processo que se difunde aos poucos pelos países europeus tem reflexos em suas respectivas colônias. No caso de Portugal, as ações de Marquês de Pombal instituíram aqui na colônia um modelo de organização das escolas e de contratação de professores, além da aplicação das ideias iluministas na organização do Estado Português. As medidas políticas, econômicas e educacionais estabelecidas por Pombal acirraram os conflitos com os jesuítas e resultou na sua expulsão de Portugal...

Unidade 4 - A família real portuguesa e a educação das elites
1. A política para a educação conduzida por D. João VI expressou, novamente, a disposição de transportar o modelo de educação das elites europeias para o Brasil. Embora alguns países europeus já houvessem iniciado a constituição dos seus sistemas nacionais de educação e a concebessem como direito social, por meio do quais, homens e mulheres em sua existência produzem conhecimentos, valores, técnicas, ciência, artes, crenças, enfim, tudo o que constitui o saber historicamente produzido. Contudo, a colonização portuguesa priorizou a educação somente para as elites.
2. Embora já existissem concepções de que a educação é parte da cultura e, por meio da cultura, o homem relaciona-se com a natureza, modifica e é modificado por ela, o caminho escolhido pela monarquia foi o de prescindir-se da educação da população que trabalhava e produzia a riqueza.
3. Durante a estadia da Corte Portuguesa no Brasil Colônia, a educação escolar destinada às elites foram as aulas régias avulsas e, depois, alguns eram enviados para Coimbra e Évora para terminar os estudos. Para a maioria restaram classes de primeiras letras irregulares e algumas escolas de ensino secundário.

Unidade 5 - A educação escolar nas províncias e a descentralização do ensino
1. Na sociedade brasileira, a escola pública não tinha lugar, nem significado, nem reconhecimento. Foram às transformações econômicas, políticas e sociais que geraram a sua necessidade e as suas funções. Assim, sendo uma das instituições sociais, as escolas reproduzem ou buscam transformar as relações do modo de produção capitalista, que então começava a ser organizar.
2. As práticas educacionais e pedagógicas foram instrumentos de disseminação de valores morais, religiosos, dos comportamentos adequados  e da visão de mundo.
3. As províncias criaram algumas escolas em número insuficiente e de acesso restrito. As funções eram modelar as condutas e os hábitos além de propagar concepções de mundo.
4. No vácuo da inoperância e descaso das autoridades governamentais, as escolas confessionais, apesar de frequentes conflitos entre o Estado e a Igreja, encontraram um campo fértil para prosperar o que, de certa forma, contribuiu para que o Estado permanecesse na inoperância em relação à organização de um sistema público de educação.

Unidade 6 - A República dos coronéis e as pressões populares pela educação escolar
1. A República herdou grande número de analfabetos, poucas escolas primárias e secundárias, poucos recursos financeiros e pressões populares. 2. Os governos tinham um discurso de modernização da sociedade por meio da educação que nos tirasse do atraso cultural e industrial e impulsionasse o país para a vida urbana industrial. 3. A educação pública, insuficiente em todo o país, serviu de instrumento de formação das elites dirigentes e de preparação para o trabalho, conduzindo a um sistema dual de ensino: a escola que formava para o trabalho, pragmática, utilitária e com aprendizagem dos rudimentos para inserção nas fábricas, indústrias e comércio, e a escola clássica, propedêutica Trata-se de ensino que preparava os estudantes para o acesso ao ensino superior destinada a formar os dirigentes e os burocratas para o trabalho da condução e administração do próprio Estado.

Unidade 7 - Manifestos de educação: ao povo e ao governo
1. A defesa da educação pública, gratuita, laica, obrigatória e democrática é uma luta de nós todos, todos os dias. Essa luta tem suas raízes em dois manifestos: um de 1932 e outro de 1959.
2.No Brasil, criou-se um sistema dual de educação: uma educação propedêutica, para os filhos das famílias abastadas, proprietária de terras, senhores de engenho e dono das riquezas, e outra, profissionalizante, dirigida para os filhos dos trabalhadores.
3. A educação pública caminhou na medida em que as indústrias e o comércio precisaram de trabalhadores qualificados para desempenharem tarefas mais complexas. Neste período, na maioria das vezes para ser funcionário de escola era preciso ser indicado por alguém.
4. Os Manifestos dos Educadores e da Educação resultam da luta dos sindicatos, associações científicas e dos movimentos sociais em defesa de uma concepção de educação para todos, crianças, jovens e adultos, como direito humano e social e dever do Estado.

Unidade 8 - O golpe militar e a educação pública
1. Expulsas do campo, famílias inteiras migraram para as cidades em busca de melhores condições para viver. Do nordeste, também fugindo da seca e em busca de trabalho, famílias migraram para as capitais e se instalaram nos bairros periféricos, em casas ou apartamentos populares ou em favelas. Os governadores e prefeitos pressionados
e diante do agravamento das condições sociais da população, decorrente da exploração capitalista e da favelização urbana, propuseram políticas sociais: habitacionais, de saúde, de previdência social, cultura e educação.
2. Houve um crescimento do número de estudantes matriculados nas escolas públicas. Muitos ali não permaneceram e continuaram com as mesmas condições de pobreza familiar em que viviam. A qualidade da educação era compreendida pela quantidade de conteúdos que os estudantes repetiam nas provas escritas. A reprovação era compreendida como incapacidade de aprender do discente.
3. A ditadura militar introduziu, por meio da educação, formas de controle moral nas escolas e nas universidades. Foi um período de cassação de direitos políticos e dos direitos sociais. Pelo Ato Institucional nº 5, foram suspensos os direitos políticos e aplicadas medidas duras: repressão, tortura, censura, perseguição, punições e mortes.

Unidade 9 - Redemocratização: cidadãos e consumidores
1. Saúde, habitação, cultura, transporte, aposentadoria, segurança, previdência social, lazer, água e a terra são direitos sociais, resultado da luta dos trabalhadores em defesa da vida humana e coletiva.
2. Ser cidadão, educador e gestor é não acreditar que as desigualdades sociais, regionais e o desemprego são naturais. Elas são resultados da divisão de classes sociais: dominantes e dominados.
3. A educação pública é um direito social universal de homens e mulheres, em todas as idades; uma conquista dos trabalhadores e instrumento de desmistificação das injustiças.
4. Um dos instrumentos de luta dos trabalhadores é a educação pública, visto que o conhecimento, a formação, cultura e informação auxiliam os cidadãos a fazerem as suas escolhas, participarem nas decisões e a definirem os valores subjetivos e materiais.

Unidade 10- Identidade profissional e projeto político-pedagógico
Para finalizar esta reflexão, vamos lembrar a você algo importante. A educação pública é uma conquista dos trabalhadores. Não basta estar na escola. É preciso educar para a transformação, para a emancipação. Trabalhadores pertencentes a uma classe social dentro da sociedade capitalista possuem direitos individuais e sociais. As lutas por direitos não são apenas de quem trabalha na educação, professores ou funcionários, mas de todos os trabalhadores organizados em seus sindicatos, associações, confederações ou nos movimentos populares que lutam em defesa de melhores condições salariais, de vida e de trabalho, em qualquer atividade que exercem. A escola que queremos, mas não temos é a que apoia os trabalhadores, inclusive os funcionários da escola, na transformação da sociedade tão desigual em uma sociedade mais justa.
Os trabalhadores não esperam as mudanças, mas é por meio de suas lutas e organização que as mudanças se realizam.

Unidade 11 - Políticas para a educação pública: direito e gestão
O mundo capitalista está sendo reorganizado pela ideologia neoliberal que se propõe revitalizar o capitalismo de forma a preservar a divisão estrutural de classes. Nesse sentido, organismos internacionais de financiamento e os fóruns capitalistas, através de acordos e consensos, impõem aos países pobres e em desenvolvimento a adoção de políticas que fortalecem o capital internacional e fragilizam as políticas públicas sociais. Como a educação é um Direito Social, que absorve, em geral, a maior fatia percentual dos orçamentos públicos, quase sempre está no alvo dos que têm interesse em diminuir o papel do Estado. A Educação é um direito social e sempre uma conquista, mesmo por que há muitas pessoas que não tem, ou ainda não tiveram acesso a ela. Outros, já passaram por ela e não aprenderam. Também há aqueles que têm interesse em transformá-la em mercadoria, o que exige das organizações sociais estar de prontidão para defendê-la e ampliar esse direito com qualidade social. A privatização da educação pode expressar-se de duas maneiras: uma, na redução ou na realocação de recursos públicos da educação básica e ensino superior e, a outra, na destinação dos recursos públicos para o setor privado, seja pela concessão de bolsa de estudos, benefícios tributários, isenção de impostos, ou pela reconfiguração da educação, disponibilizando-a aos empresários como um negócio rentável e lucrativo.

O Governo Federal, parte dos estados e municípios estão dispostos a modificar a educação pública brasileira na legislação constitucional tanto que adotaram como política para a educação: a redução de investimentos públicos, recursos públicos distribuídos de acordo com os resultados previamente estabelecidos, padrão de qualidade e produtividade a ser incorporada, avaliação dos resultados, e modelo de gestão gerencial-racional. A sociedade civil organizada em sindicatos, associações, movimentos populares e organizações não governamentais participam e continuam participando ativamente dos processos de desenvolvimento da educação nacional. Apresentam propostas alternativas construídas nas lutas e nos espaços democráticos de participação. O que se pode afirmar é que o modelo de desenvolvimento econômico adotado pelos governos é incompatível com a extensão dos direitos socais à população e com a política de investimentos públicos adequados na educação básica e no ensino superior. Por último, a escola pública é o espaço por onde passa uma parcela significativa de nossas crianças e jovens cada vez mais equipados com tecnologias, com diferentes capacidades e visões de mundo, vindos de diversos tipos de família e, muito deles, à procura de valores, princípios, atitudes, limites, sentido para a vida... Eles buscam sonhos, vida digna, trabalho e utopias. Nós, trabalhadores da educação, estejamos em condições de acolher, conviver com eles, possibilitar-lhes experiências com valores morais e éticos, princípios e conteúdos que proporcionem uma valorosa formação escolar e humana. Funcionários e professores, o desejo de aprender constitui parte do ethos da profissão. Este é o cenário da luta coletiva! 


Um comentário:

  1. Estudo para o ENEM, e gostaria de ter acesso aos pdfs completos, todas as etapas do curso, visando utilizar assuntos pertinentes na prova, como cultura e comunicação. Agradeço se puder em disponibilizar.
    Att

    Estefane.

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