Resumo –
cad2 – Educadores e educandos: tempos históricos
Objetivo
Espera-se possibilitar aos estudantes a
aquisição de conhecimentos históricos
e de interpretações da escola e da educação
como espaços coletivos de formação humana, de contradições, de diversidade
étnico-cultural. Espera-se que o cursista compreenda a educação e a escola como
parte da cultura de um povo, num determinado tempo e espaço. Além disso, que a
história é construída por homens e mulheres em movimentos constantes de
transformação, de rupturas ou de continuidades.
Unidade 1 - Para que
estudar e compreender a educação por meio da história?
Podemos dizer que a
história permite enxergar nossas raízes e compreender por que as civilizações,
os povos, organizaram-se de determinada maneira, o que foram e como se
transformaram naquilo que são. Neste sentido, a educação como parte da cultura,
ilumina em nós a inteligência humana e permite sermos criadores, inventores e construtores
de objetos, símbolos, linguagens e valores. Assim, como vamos estudar e
compreender a organização da educação e da escola no Brasil? O que os
funcionários das escolas precisam saber sobre a educação? Como os funcionários,
em efetivo exercício nas escolas, podem ser educadores? Como transformar nossas
rotinas
em processos educativos?
Estas questões são fundamentais, e vamos durante este curso ajudar você a
compreendê-las.
Unidade 2 - Educação construída
pelos padres da Companhia de Jesus
É possível compreender que a educação,
durante o período colonial, foi uma estratégia dos colonizadores portugueses para
negar a identidade indígena e seus processos educativos para implantar, na
colônia, a visão europeia de mundo: sua cultura, seus valores e sua religião. Compreendemos,
ainda, que as escolas, refletindo a sociedade hierárquica e autoritária da
época, eram organizadas da mesma forma: as funções nobres de educar eram
reservadas aos sacerdotes; aos irmãos missionários – os funcionários à época –
eram reservados os trabalhos braçais para a sustentação das escolas; depois,
índios e escravos foram incorporados como funcionários e os irmãos missionários
passaram a serem seus chefes. A tarefa de educar ficou sempre nas mãos dos
sacerdotes e religiosos.
Unidade 3 - Aulas régias: a
educação dirigida pelo Marquês de Pombal
O movimento iluminista europeu provocou
uma revolução na maneira dos seres humanos interpretarem o mundo e as relações
sociais. O centro organizador dessa visão de mundo deixa de ser o Deus
judaico-cristão e passa a ser a razão humana. Esse processo que se difunde aos
poucos pelos países europeus tem reflexos em suas respectivas colônias. No caso
de Portugal, as ações de Marquês de Pombal instituíram aqui na colônia um
modelo de organização das escolas e de contratação de professores, além da
aplicação das ideias iluministas na organização do Estado Português. As medidas
políticas, econômicas e educacionais estabelecidas por Pombal acirraram os
conflitos com os jesuítas e resultou na sua expulsão de Portugal...
Unidade 4 - A família real
portuguesa e a educação das elites
1. A política para a educação
conduzida por D. João VI expressou, novamente, a disposição de transportar o
modelo de educação das elites europeias para o Brasil. Embora alguns países
europeus já houvessem iniciado a constituição dos seus sistemas nacionais de educação
e a concebessem como direito social, por meio do quais, homens e mulheres em
sua existência produzem conhecimentos, valores, técnicas, ciência, artes,
crenças, enfim, tudo o que constitui o saber historicamente produzido. Contudo,
a colonização portuguesa priorizou a educação somente para as elites.
2. Embora já existissem concepções de
que a educação é parte da cultura e, por meio da cultura, o homem relaciona-se
com a natureza, modifica e é modificado por ela, o caminho escolhido pela
monarquia foi o de prescindir-se da educação da população que trabalhava e produzia
a riqueza.
3. Durante a estadia da Corte
Portuguesa no Brasil Colônia, a educação escolar destinada às elites foram as
aulas régias avulsas e, depois, alguns eram enviados para Coimbra e Évora para
terminar os estudos. Para a maioria restaram classes de primeiras letras
irregulares e algumas escolas de ensino secundário.
Unidade 5 - A educação escolar nas
províncias e a descentralização do ensino
1. Na sociedade
brasileira, a escola pública não tinha lugar, nem significado, nem
reconhecimento. Foram às transformações econômicas, políticas e sociais que
geraram a sua necessidade e as suas funções. Assim, sendo uma das instituições
sociais, as escolas reproduzem ou buscam transformar as relações do modo de
produção capitalista, que então começava a ser organizar.
2. As práticas
educacionais e pedagógicas foram instrumentos de disseminação de valores
morais, religiosos, dos comportamentos adequados e da visão de mundo.
3. As províncias criaram
algumas escolas em número insuficiente e de acesso restrito. As funções eram
modelar as condutas e os hábitos além de propagar concepções de mundo.
4. No vácuo da inoperância
e descaso das autoridades governamentais, as escolas confessionais, apesar de
frequentes conflitos entre o Estado e a Igreja, encontraram um campo fértil
para prosperar o que, de certa forma, contribuiu para que o Estado permanecesse
na inoperância em relação à organização de um sistema público de educação.
Unidade 6 - A República dos
coronéis e as pressões populares pela educação escolar
1. A República herdou grande número de
analfabetos, poucas escolas primárias e secundárias, poucos recursos
financeiros e pressões populares. 2. Os governos tinham um discurso de
modernização da sociedade por meio da educação que nos tirasse do atraso
cultural e industrial e impulsionasse o país para a vida urbana industrial. 3.
A educação pública, insuficiente em todo o país, serviu de instrumento de
formação das elites dirigentes e de preparação para o trabalho, conduzindo a um
sistema dual de ensino: a escola que formava para o trabalho, pragmática,
utilitária e com aprendizagem dos rudimentos para inserção nas fábricas,
indústrias e comércio, e a escola clássica, propedêutica Trata-se de ensino que
preparava os estudantes para o acesso ao ensino superior destinada a formar os dirigentes
e os burocratas para o trabalho da condução e administração do próprio Estado.
Unidade 7 - Manifestos de
educação: ao povo e ao governo
1. A defesa da educação pública,
gratuita, laica, obrigatória e democrática é uma luta de nós todos, todos os
dias. Essa luta tem suas raízes em dois manifestos: um de 1932 e outro de 1959.
2.No Brasil, criou-se um sistema dual
de educação: uma educação propedêutica, para os filhos das famílias abastadas,
proprietária de terras, senhores de engenho e dono das riquezas, e outra,
profissionalizante, dirigida para os filhos dos trabalhadores.
3. A educação pública caminhou na
medida em que as indústrias e o comércio precisaram de trabalhadores
qualificados para desempenharem tarefas mais complexas. Neste período, na
maioria das vezes para ser funcionário de escola era preciso ser indicado por
alguém.
4. Os Manifestos dos Educadores e da
Educação resultam da luta dos sindicatos, associações científicas e dos
movimentos sociais em defesa de uma concepção de educação para todos, crianças,
jovens e adultos, como direito humano e social e dever do Estado.
Unidade 8 - O golpe militar e a
educação pública
1. Expulsas do campo, famílias
inteiras migraram para as cidades em busca de melhores condições para viver. Do
nordeste, também fugindo da seca e em busca de trabalho, famílias migraram para
as capitais e se instalaram nos bairros periféricos, em casas ou apartamentos populares
ou em favelas. Os governadores e prefeitos pressionados
e diante do agravamento das condições
sociais da população, decorrente da exploração capitalista e da favelização
urbana, propuseram políticas sociais: habitacionais, de saúde, de previdência social,
cultura e educação.
2. Houve um crescimento do número de
estudantes matriculados nas escolas públicas. Muitos ali não permaneceram e
continuaram com as mesmas condições de pobreza familiar em que viviam. A
qualidade da educação era compreendida pela quantidade de conteúdos que os estudantes
repetiam nas provas escritas. A reprovação era compreendida como incapacidade
de aprender do discente.
3. A ditadura militar introduziu, por
meio da educação, formas de controle moral nas escolas e nas universidades. Foi
um período de cassação de direitos políticos e dos direitos sociais. Pelo Ato
Institucional nº 5, foram suspensos os direitos políticos e aplicadas medidas duras:
repressão, tortura, censura, perseguição, punições e mortes.
Unidade 9 - Redemocratização:
cidadãos e consumidores
1. Saúde, habitação, cultura,
transporte, aposentadoria, segurança, previdência social, lazer, água e a terra
são direitos sociais, resultado da luta dos trabalhadores em defesa da vida
humana e coletiva.
2. Ser cidadão, educador e gestor é
não acreditar que as desigualdades sociais, regionais e o desemprego são
naturais. Elas são resultados da divisão de classes sociais: dominantes e
dominados.
3. A educação pública é um direito
social universal de homens e mulheres, em todas as idades; uma conquista dos
trabalhadores e instrumento de desmistificação das injustiças.
4. Um dos instrumentos de luta dos
trabalhadores é a educação pública, visto que o conhecimento, a formação,
cultura e informação auxiliam os cidadãos a fazerem as suas escolhas,
participarem nas decisões e a definirem os valores subjetivos e materiais.
Unidade 10- Identidade profissional
e projeto político-pedagógico
Para finalizar esta reflexão, vamos
lembrar a você algo importante. A educação pública é uma conquista dos
trabalhadores. Não basta estar na escola. É preciso educar para a
transformação, para a emancipação. Trabalhadores pertencentes a uma classe
social dentro da sociedade capitalista possuem direitos individuais e sociais.
As lutas por direitos não são apenas de quem trabalha na educação, professores ou
funcionários, mas de todos os trabalhadores organizados em seus sindicatos,
associações, confederações ou nos movimentos populares que lutam em defesa de
melhores condições salariais, de vida e de trabalho, em qualquer atividade que
exercem. A escola que queremos, mas não temos é a que apoia os trabalhadores, inclusive
os funcionários da escola, na transformação da sociedade tão desigual em uma
sociedade mais justa.
Os trabalhadores não esperam as
mudanças, mas é por meio de suas lutas e organização que as mudanças se
realizam.
Unidade 11 - Políticas para a educação
pública: direito e gestão
O mundo capitalista está sendo
reorganizado pela ideologia neoliberal que se propõe revitalizar o capitalismo de
forma a preservar a divisão estrutural de classes. Nesse sentido, organismos
internacionais de financiamento e os fóruns capitalistas, através de acordos e
consensos, impõem aos países pobres e em desenvolvimento a adoção de políticas
que fortalecem o capital internacional e fragilizam as políticas públicas
sociais. Como a educação é um Direito Social, que absorve, em geral, a maior
fatia percentual dos orçamentos públicos, quase sempre está no alvo dos que têm
interesse em diminuir o papel do Estado. A Educação é um direito social e
sempre uma conquista, mesmo por que há muitas pessoas que não tem, ou ainda não
tiveram acesso a ela. Outros, já passaram por ela e não aprenderam. Também há
aqueles que têm interesse em transformá-la em mercadoria, o que exige das
organizações sociais estar de prontidão para defendê-la e ampliar esse direito
com qualidade social. A privatização da educação pode expressar-se de duas
maneiras: uma, na redução ou na realocação de recursos públicos da educação
básica e ensino superior e, a outra, na destinação dos recursos públicos para o
setor privado, seja pela concessão de bolsa de estudos, benefícios tributários,
isenção de impostos, ou pela reconfiguração da educação, disponibilizando-a aos
empresários como um negócio rentável e lucrativo.
O Governo Federal, parte dos estados e
municípios estão dispostos a modificar a educação pública brasileira na
legislação constitucional tanto que adotaram como política para a educação: a
redução de investimentos públicos, recursos públicos distribuídos de acordo com
os resultados previamente estabelecidos, padrão de qualidade e produtividade a
ser incorporada, avaliação dos resultados, e modelo de gestão
gerencial-racional. A sociedade civil organizada em sindicatos, associações,
movimentos populares e organizações não governamentais participam e continuam participando
ativamente dos processos de desenvolvimento da educação nacional. Apresentam
propostas alternativas construídas nas lutas e nos espaços democráticos de
participação. O que se pode afirmar é que o modelo de desenvolvimento econômico
adotado pelos governos é incompatível com a extensão dos direitos socais à população
e com a política de investimentos públicos adequados na educação básica e no
ensino superior. Por último, a escola pública é o espaço por onde passa uma
parcela significativa de nossas crianças e jovens cada vez mais equipados com
tecnologias, com diferentes capacidades e visões de mundo, vindos de diversos
tipos de família e, muito deles, à procura de valores, princípios, atitudes,
limites, sentido para a vida... Eles buscam sonhos, vida digna, trabalho e
utopias. Nós, trabalhadores da educação, estejamos em condições de acolher, conviver
com eles, possibilitar-lhes experiências com valores morais e éticos,
princípios e conteúdos que proporcionem uma valorosa formação escolar e humana.
Funcionários e professores, o desejo de aprender constitui parte do ethos
da profissão. Este
é o cenário da luta coletiva!